E agora?

E agora, José? 

A festa acabou, 

a luz apagou, 

o povo sumiu, 

a noite esfriou, 

e agora, José ? 

e agora, você ? 

você que é sem nome, 

que zomba dos outros, 

você que faz versos, 

que ama protesta, 

e agora, José ? 

[...]

Enfim, o carnaval acabou e a vida começa no país. E agora? Agora retomam-se as rotinas diárias, filas de banco, crianças indo para escola, gente esperando o ônibus, stress, corre-corre, padaria, trânsito, enxaqueca. Acabou-se a alegria estúpida e o falso calor humano; não há mais motivo para festa; foi-se o feriadão. Um tanto mal humorada minha observação, sei disso. Questão de opinião, de ponto de vista. E durante estes dias em que o país parou, observei que muitos compartilham do mesmo gosto: a Insônia [online] no Orkut há tempos não era tão visitada quanto foi neste período. Alguns posts repudiando; outros totalmente indiferentes à festa. Meu comentário soou meio ranzinza, mas o fato é que me sinto também indiferente (como toda boa brasileira, gosto mesmo é do feriadão). Talvez por morar no interior do RS e a festa por aqui durar realmente 4 dias. Além de não ser tão grandiosa, claro. Mas numa questão muitos concordam: a vida normal somente inicia depois do carnaval. 

A foto que ilustra o texto pouco lembra o carnaval do Brasil. Mas, sinceramente, nosso carnaval não combina muito com o tema inicial do blog (lembrando que é permitido qualquer assunto aqui). O charmoso carnaval de Veneza talvez se encaixe melhor com a tensão da insônia. A obscuridade das máscaras, o mistério e até uma pitada de romantismo. Paradoxal, porém não preciso da lógica para escrever aqui – ainda bem!  

E o Carlos Drummond de Andrade? Foi inspiração para iniciar o texto - sem querer desmerece-lo, jamais. Creio que este poema não tenha nada a ver com o carnaval, mas sempre lembro dele quando penso “e agora?”.